27 julho 2008

Chasing cars

O que eu te queria dizer nem sei se faz sentido, enquanto escrevo à luz deste fim de tarde. Talvez devesse pegar na minha bicicleta e fazer-me à estrada enquanto busco o meu coração entre as minhas mãos. Sei que pouca poesia te faz diferença, mas não me importo, eu pouco sei que sou assim, mas que não sou só isso sei eu bem. E a rua chama-me porque a minha casa me oprime, estas quatro paredes figuram-se como o que me aperta e nada me caí pior do que a distância. Ao menos se houvesse um sinal em que pudesse acreditar, o tempo seria todo meu. Se eu acreditasse. E a brisa corre ligeira neste fim de tarde, talvez me deixe apanhar por ela, porque os meus sentimentos não transportam alegria. E o que eu mais quero é o que não tenho é o que não posso ter. Pego na bicicleta e saio, o tempo é meu e desenho-o como quem desenha um objecto do seu prazer. Ao menos isso. E se ainda me conhecesses e se ainda eu te conhecesse, talvez pudesse crer em algo mais. Como o tempo nos engana nesta estrada, eu mesmo sou algo que não se compreende nem numa noite, sou muito mais que isso. Tenho saudades, mas não exprimo, não conto nem às paredes que me oprimem. Porque o meu desejo não é atingir os outros por não ter algo que, do mais fundo do coração, quero. Porque o meu desejo é puro e é ter-te. E sinto como se estivesse a tentar alcançar os carros que passam por mim na estrada, em vão...

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